O RISSOL

Monday, June 19, 2006

Comme d'habitude




Finais do ano de 68, Frank Sinatra entra em estúdio. A música que "The Voice" vai gravar é um arranjo de uma composição de origem Francesa, criação da equipa François (Claude) e Reveaux. Paul Anka escreve a versão para inglês. O seu nome: "My Way". Tema que viria a tornar-se como que hino de Frank, para muitos a sua marca de água (ou gin se preferirem).
E no entanto, Frank Sinatra nunca morreu de amores pelo tema. Foram bastantes as reservas em cantá-la, não lhe agradava de modo algum o seu carácter auto-referencial, por demais indulgente. Sinatra não se revia nesta forma de estar. Para complicar, aquando da entrada em estúdio, o seu pianista, o inseparável Bill Miller, encontrava-se com uma das mãos ferida, não podendo tocar. A opção seria gravar o tema com Lou Levy, também ele um excelente pianista, mas Miller era companheiro da largos anos...
Apesar de todos os contratempos, a gravação é feita, e em Janeiro de 69 sai aquele que, apesar de não ter sido um hit no seu lançamento, viria a tornar-se naquilo que todos nós sabemos.
My Way.
(Nas imagens apresento facsimiles das pautas usadas na gravação do tema)

Saturday, June 17, 2006

Poketo on the pocket





Este é um assunto que se me encara paradoxal. Imagine-se que este vosso escriba nunca teve uma carteira na vida! e no entanto...Ok, Resolve perder umas linhas a falar, e recomendar um site sobre...Carteiras! Pois. Mas este não é um qualquer site de venda de carteirinhas de napa, pele, ou plástico com florzinha, em azul cueca, encarnado glorioso, preto finesse, do surf...enfim, um tédio.
"Poketo" nasceu da cabeça de Ted Vadakan e Angie Myung, que estabeleceram uma network de artistas emergentes e alguns de renome. Pegaram na "malta" e vai de pô-los a fazer edições limitadas de carteiras. São de forma simples, mas visualmente apeteciveis, uma ideia "ovo de colombo", que nos permite andar pelas ruas a "passear" a nossa obra de arte de bolso. A variedade de oferta é já de respeito, e a qualidade visual, asseguro-vos, de salivar e esperar por mais. O principio base deste projecto é acima de tudo divulgar o trabalho dos artistas participantes, apostando paralelamente na promoção destes, seja através de eventos artisticos e showcases, ou na inclusão, no interior das carteiras, dos dados referentes ao artista (convém sempre saber quem metemos no bolso). Para terminar, a venda é online, mas não só. Por isso, se passarem por exemplo ali por Barcelona...
No que me toca acho que vou passar a usar carteira.
P.S. Sim! e também fazem umas Tshirts porreiras.

www.poketo.com

Friday, June 16, 2006

After Life (Wandâfuru raifu) - 1998


After Life, é um filme com uma pergunta, uma casa, espaço indefinido, um grupo de entrevistadores, e pessoas, de diferentes idades, todas com um ponto em comum, estão mortas. Assim, entre o céu e a terra. Uma pergunta, três dias para encontrarem a resposta. Qual a mais bela memória da tua vida? sim. Se o céu é uma só memória retirada da tua vida qual seria a tua escolha?. O paraíso, como se dum Haiku se tratasse? Resumo da vida a um só momento? Mas não é na sua forma mínima, o haiku, um espaço de opacidade? Como diz Barthes"...O Haiku é[...] o devir essencial, musical, do fragmento."
Realizado por Kore-eda Hirokazu, um nome já com algumas pérolas no activo, que constrói um cinema humano, de uma, por vezes, rara sensibilidade literária, apresenta-nos uma provocadora visão do estereótipo "céu-inferno". Mais um mágico do cinema nipónico, que urge descobrir.
After Life delicia-nos com o comovente, por vezes tragicocómico retrato de um grupo de personagens, nas suas múltiplas posições, escolhas e dúvidas, na demanda da sua mais marcante memória. Filmado com mestria, (Yamazaki Yutaka, o cameraman é "culpado") uma mise en scène de rarefação em estado de graça (um estilo próximo do documental), e fotografia de espessura transitória, After Life mostra-nos nesta fábula de interrogações, que a busca desse "maior" momento, não é o que mais importa, mas o que essa mesma procura despoleta: o percurso pelas nossas memórias, a consciência do seu papel como pilar da identidade do indivíduo. Heaven can wait?.
(venda pela Amazon, existindo diversas alternativas)

Nascimento do rissol


Nasci hoje pelas nove da matina, fruto de uma teimosa insónia, umas, muitas páginas de um livro, as orelhas a inchar de música, e ainda quente, espero a companhia de muitos liquidos, e algumas dentadas. Sem medos.
Para começar:
http://filmref.com/index.html

Buenos dias.